Conjuntura Internacional

Geopolítica do futebol

Por Cezar Roedel
Consultor de Relações Internacionais
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O futebol, como esporte mais popular do mundo, não poderia estar alheio à geopolítica mundial. A Copa do Mundo, evento realizado a cada quatro anos pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), desperta o interesse dos amantes do esporte e suscita questões de política internacional. Em relações internacionais é comum a utilização do termo soft power (poder leve), para designar o conjunto de elementos não militares (hard power), tais como a cultura, o esporte, eventos internacionais etc. Eles podem influir na política internacional de diversas formas, muitas vezes tão sutilmente que se tornam desconhecidos ou até negligenciados. O futebol e a Copa do Mundo carregam elementos simbólicos, mas também concretos. Um exemplo é a exclusão da Rússia do evento, desde que a guerra injustificada contra a Ucrânia emergiu no cenário internacional, enquanto isso, jogadores da seleção ucraniana enfrentam o campo de batalha de uma guerra sem previsão de término. A Copa serve também aos países para que eles possam projetar a sua identidade na arena internacional, o que fica visível nas cerimônias de abertura do evento. No caso do Catar, a abertura foi tão produzida que até parecia com as aberturas das olimpíadas. Tudo isso auxilia o país para que ele passe uma imagem e se projete mundialmente, passando assim uma mensagem simbólica. Outro termo que surgiu com a Copa do Catar foi o do sportswashing (lavagem esportiva), que significa que um país tende a esconder certas posições/comportamentos para projetar uma imagem positiva a partir de grandes eventos como a Copa. No caso do Catar, a abertura serviu para demonstrar um país onde os direitos são respeitados, em que pese a complicada relação com os direitos humanos. As Olimpíadas de Berlim, em 1936, serviram de palco para o regime nazista, assim como as Olimpíadas de Pequim, em 2008, para demonstrar uma China aberta ao mundo, mesmo sendo uma ditadura. Dessa forma, as nações conseguem projetar uma imagem que não depende do uso da força militar, uma vez que mira nas questões culturais ou esportivas. A Seleção Brasileira é um exemplo de projeção internacional positiva, mundialmente conhecida, aclamada e ansiosamente esperada nas Copas.

Catar
O Catar é um país peninsular árabe, logo, com fronteiras com a Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes, no Oriente Médio (área com importantes reservas de petróleo). O país possui cerca de três milhões de habitantes e a sua capital é Doha, marcada por uma arquitetura ousada e moderna. Grande parte da renda do país é oriunda da exportação do gás. O Catar esteve no centro das atenções logo no início da guerra na Ucrânia. Com a redução do fornecimento de gás russo à União Europeia, o país se tornou um player estratégico provisório, enquanto a migração para outras fontes de energia se dava em ritmo acelerado, principalmente por parte da Alemanha. O cenário energético europeu ainda é incerto.

Relação com o Brasil
A relação internacional entre o Brasil e o Catar não é tão significativa em termos de balança comercial. Fertilizantes, adubos e químicos são produtos das importações. No campo das exportações, o Brasil envia carne de aves, minério de ferro e máquinas.​

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